Wednesday, August 02, 2006

Só quem ama…

- Conta-me uma história de encantar!

E uma história a surgir da tua boca, amorosa, para mim.

Uma história, e não

- Uma história?!

ou

- Que história é que queres que te conte?

como um

- Se tem mesmo de ser! - silencioso

mas apenas

- Era uma vez…

… amorosa, para mim.

A encantar-me.

- Era uma vez…

…da tua boca…

porque todas as histórias começam assim, ou não seria histórias de encantar, como as que

- Há muito, muito tempo…

E uma história a surgir da tua boca, amorosa…

Simplesmente porque eu

A encantar-me.

Tudo era simples no tempo em que eu

- Conta-me uma história de encantar!

e tu ma contavas tão simplesmente.

…amorosa…

Não era submissão, como os submissos poderiam julgar, mas amor. Só quem ama conta histórias de encantar quando

- Conta-me uma história…

Quem é submisso conta carneiros - eventualmente em forma de histórias - para entreter o tempo, para encantar o sono.

Não amaria Scheherazade o rei Shahryar?

Se não amasse ter-lhe ia contado carneiros - eventualmente em forma de histórias - para entreter o tempo, para…

carneiros

mas não histórias. Só quem ama conta histórias de encantar.

- Era uma vez…

não

- Há muito, muito tempo…

- …uma vez…

A nossa vez

A vez em eu te dizia

- Fica nua, que te quero demasiado!

E a roupa a cair-te aos pés, sobrando, num sorriso dado, e não

- Fico nua?!

ou

- Assim, sem mais nem menos?!

como um

- Se tem mesmo de ser! - silencioso

mas apenas

… a roupa a cair-te aos pés… num sorriso

Porque eu te queria, demasiado, e nada mais importava que tal. A roupa a cair-te aos pés, sobrando

e tu na minha direcção

num sorriso dado

Tudo era simples no tempo em que eu

- Fica nua...

não por submissão, como os submissos poderiam julgar, mas por amor. Só quem ama se despe quando

- Fica nua, que te quero demasiado!

Quem é submisso tira a roupa - eventualmente em forma de ficar nu - para seduzir o tempo, para encantar o sono.

Não amaria Scheherazade o rei Shahryar?

Se não amasse teria tirado a roupa - eventualmente em forma ficar nua - para seduzir o tempo, para…

mas não nua. Só quem ama fica nu. Tudo o mais é conversa. Única e exclusivamente conversa.

Nada disto é compreensível. Nada! Rigorosamente nada. E nada disto é explicável. Nada! Rigorosamente nada.

- Aninha-te, que quero ir-me!

E o teu corpo a moldar-se à forma natural, para mim, e não

- Aninho-me?!

ou

- Como assim?

como um

- Se tem mesmo de ser! - silencioso

mas apenas

a descobrir a nuca ansiosa,

suada,

Subindo os rins,

sem palavras (em silêncio).

Tu sabes,

fêmea amestrada pelo instinto!

Esticando os dedos até ao limite de si.

Até ao limite;

mesmo até ao limite.

Suspirando,

surpreendendo-se.

Inspirando fundo e prendendo-me o cheiro dentro de si…

libertando-o,

devagar,

devagar,

devagar…

Abandonando-se num gemido e arrepanhando o leito como um gatinho a mamar.

Derretendo-se!

Tudo era simples no tempo em que eu

- Aninha-te!

não por submissão, como os submissos poderiam julgar, mas por amor. Só quem ama se aninha quando

- Aninha-te que quero ir-me!

Quem é submisso ajoelha-se - eventualmente em forma de aninho - para rezar ao tempo, para adorar o sono.

Não amaria Scheherazade o rei Shahryar?

Se não amasse ter-se-ia ajoelhado - eventualmente em forma de aninho - para rezar ao tempo, para…

mas não aninhado. Só quem ama se aninha quando

…nada disto é explicável. Nada! Rigorosamente nada.