- Gostas das minhas maminhas?
e eu a acenar sins com a cabeça
a não dizer nada
tinha jurado
não dizer nada
quando a Ana Maria
- Jura por Deus que não dizes nada a ninguém.
e eu
que sim
com a cabeça
que sim
que não dizia
- … nada a ninguém.
a cabeça por mim
- Juro.
“por Deus”
(por quem mais)
a cabeça, por mil palavras, como se dissesse
- Fica só entre nós.
porque a Ana Maria
- Se jurares que não contas a ninguém, deixo-te mexer. Queres mexer, não queres?
e eu logo
que sim
que sim
com a cabeça
“por Deus”
que sim
que queria
a não dizer nada
jurado já
e a Ana Maria
- Gostas?
e eu
que sim
com a cabeça
que sim
“por Deus”
- Juro.
a cabeça por mim
que sim
que sim.
Eu tinha sete anos e a Ana Maria… bem, não sei. Trabalhava lá em casa desde o meu aniversário
Janeiro, portanto.
Estávamos nas férias da Páscoa, quando ela
- Queres ver as minhas maminhas?
e eu
pela primeira vez
que sim
que a cabeça
por mim
que sim
de cima da minha cama
um verbo sequer
nada
a cabeça apenas.
Eu
sete anos
e a Ana Maria… bem, não sei. Quando se tem sete anos a idade dos adultos é-nos confusa. E tirando os velhos, têm todos a mesma idade. Digamos que para uma criança de sete anos
ou pelo menos eu com sete anos
os adultos eram-no a partir dos quinze
pelo menos o meu primo Ricardo já devia ser, visto fumar. Embora
como a Ana Maria
- Jura por Deus que não dizes nada a ninguém.
quando eu
no quintal
com patinhas de gato
o meu primo Ricardo
- Jura por Deus que não dizes nada a ninguém.
e eu
com a cabeça
“por Deus”
(por quem mais)
que sim
que não dizia
- …nada a ninguém.
Portanto, a Ana Maria, adulta, como os meus pais, o meu tio Almiro, a minha tia Cila, o meu primo Ricardo
já que fumava
quinze anos
e me dizia
além de
- Jura…
- A tua empregada, puto, dá-me cá uma ponta!
e eu acenava que sim com a cabeça
sem entender ponta
como sem entender ponta quando
o Ricardo
a fazer-me companhia nas férias.
Não a mim
sei-o agora
à Ana Maria
que
- …dá-me cá uma ponta!
e por
sei-o agora
seio agora
que
(- Queres ver as minhas maminhas?)
a Ana Maria
dezoito anos, talvez vinte
Quando se tem sete anos a idade dos adultos é-nos confusa. E tirando os velhos…
a Ana Maria
sei-o agora
gostava mais de mim que do meu primo Ricardo, pois nunca lhas havia mostrado. Nunca lhe havia perguntado
- Gostas das minhas maminhas?
sei-o agora
porque um juramento com a cabeça não vale, não é? Espero que Deus entenda assim
que a Ana Maria entenda que sim
um descuido
como um espirro
juro que como um espirro
“por Deus”
que como um espirro
- Juro.
- Juro que a Ana Maria não me põe em cima da cama e me mostra as maminhas para eu mexer.
- Quê, puto?
o meu primo Ricardo
- Quê, puto?
obrigando-me a jurar de novo
e eu
“por Deus”
(por quem mais)
- Juro por Deus que não me deixa apertar assim…
(a exemplificar com as mãos)
deixando o meu primo Ricardo de boca à banda
a jurar por Deus que
- … nada a ninguém.
- Juro.
Afinal eu também jurara que ele
quinze anos
adulto
portanto
- … não fuma no quintal às escondidas, tia. Nem na garagem. Juro por Deus.
Afinal um segredo é um segredo!
Friday, December 19, 2008
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